Distimia

Distimia

Às vezes paro e me pergunto quem sou eu

Dentre as mudanças de humor que o dia traz

A intolerância que surgiu do imprevisto

Ou a prudência acolhendo tudo em paz

Até pensei marcar o tempo a cada fase

Num diagrama ou esboço do que sou

Encontrar rimas pra silêncios e acalantos

E refletir de onde venho e pra onde vou

Sei que minha alma só quer a cordialidade

Dentro do ciclo onde a condescendência impera

Bastam segundos numa falha inesperada

E a mansa paz que cultivei torna-se fera

Queria eu não ser passivo das discórdias

Destes momentos em que a razão me abandona

Quando por nada a desavença é instaurada

E a insensível estupidez me vem à tona

Sem terapias que delimitem condutas

O autocontrole com que vivo a sonhar

Sucumbe à fera que me toma nessa luta

Nas inconstâncias do meu mundo bipolar

Elson Lemos