A ÚLTIMA CANÇÃO
Um dia,
quando não houver mais a lua,
cantarei ao asfalto
canções de piche
derramado na rua,
nuvens de titânio encobrirão o céu,
beijarei a robot fria
pensando ser teus lábios de mel...
Um dia,
quando não houver mais sanduíches,
comerei ovos vindo de Vênus,
aos pássaros darei aço e alpiste,
ao menos
estarei meio vivo, meio morto,
como um anjo gauche,
meio cambaio, meio torto...
Um dia,
quando não houver mais procissão
levarei, embalsamada,
a última canção...