LIMITES

Toda luz clareia o dia,

mas tem dentro de si

a ilusão da claridade fria

que faz alguém dizer - vi,

sem ter visto o que seria

o que pensava ser um bem-te-vi,

só o holograma da poesia

que teria que sentir sem fugir

do campo das palavras vazias...

Toda compreensão

trás, por dentro,

a dúvida da razão,

ser ou não ser,

ver ou não ver,

ter ou não ter,

fazendo o homem passar dos seus limites,

romper a sagrada película da fé,

será que sou o que serei ou mesmo que evite

nunca serei aquilo que pensas que sou e que és?

Toda palavra anda grávida:

serás o avô, o pai, a titia,

ou será que a mágica

nada mais é do que ser

a nascente poesia?