Castigo, o perdão
Condoo-me com o ser
que vive como se morto estivesse
com aquele que, insano, vê
com insensibilidade
tudo que o faz escassez...
que nem com o fim
do ventre que lhe acolheu
no dom de lhe conceber
e lhe fez luz
consegue ser sensatez...
à frente de seus confins
quanto ônus ainda falta
em perversa ingratidão
pro peso de sua cruz
formar seu quinhão de mínguas
de trevas e de involução?
que seja o tapa sem mão;
que o mundo lhe pese
mas não que lhe falte o abrigo...
e o que por si foi negado
lhe venha por compaixão
o abraço, o carinho amigo...
e que todo seu castigo
seja apenas um perdão.