A Menina e a Plantinha
Certa vez uma menina
Chamada Esmeraldina
Ganhou da sua madrinha
Uma linda plantinha.
Ela ficou encantada,
Deu uma bela risada
E disse que iria cuidar
Daquela que estava a ganhar.
Colocou-a em cima da mesa,
Mas não podia ter certeza
De que ali poderia ficar,
Pois era lugar de almoçar.
Colocou-a então no chão,
Mas apareceu o cão
E quis a planta comer,
Ela o pôs pra correr.
Pensou que na janela
Seria bom lugar pra ela,
Mas quando o gato pulou,
O vegetal quase derrubou.
O dia logo escureceu
E o sono lhe acometeu,
Colocou a planta na cama
Como se ela fosse uma dama.
A menina então adormeceu,
Mas sonhou e se mexeu
Deitando sobre o vaso
E viu que isso foi um atraso.
Por sorte ela ficou inteira,
Mas nem por brincadeira
A deixaria no mesmo canto,
Então saiu debaixo do manto.
Olhou para o armário
E pensou: um bom aquário,
Ali ela ficará protegida
E nada tirará sua vida.
E deixou a pobre coitada
Na cômoda bem trancada,
A planta na escuridão
Ficou sem respiração.
Não demorou nada
Pra ela ficar sufocada,
Suas folhas murcharam,
Suas raízes secaram.
Quando a criança despertou
Da planta logo lembrou
E correu para dar bom dia
À sua plantinha com alegria.
Quando abriu a porta
Viu que a muda estava morta,
Desesperada ela chorou
Mas vida não encontrou.
Percebeu a grande falha
Contemplando aquela palha,
Pois na ânsia de proteger
Uma vida pôs a perder.
Assim acontece à gente
Que coloca na frente
A proteção e o cuidado,
Mas aprisiona o amado.
A menina em outra idade
Poderá, até sem maldade,
Matar um filho querido
Se bom senso não for adquirido.
Que essa seja como espelho,
Por isso dou um conselho
Veja se não está confundindo
E vida de verdade destruindo.
De repente um objeto
Não é carente de afeto,
Mas um ser vivente
Precisa de atenção decente.
Não sou dono da verdade,
Mas há uma realidade
Nessa reflexão proposta
Pense e dê a resposta.
Autoria: Aberio Christe