Plantar e Colher
Chego à porta do celeiro.
De portas abertas,
Espio lá dentro.
(Sou eu no espelho).
No celeiro, a minha colheita.
O roçado,
Trabalhoso e árduo,
Diário e contente,
Laborioso resultado.
Está cheio ou vazio
O celeiro da vida minha?
Semeei, rocei, aguei, colhi, guardei.
Dividi, troquei, doei.
Fiz escambo, fiz doar-me.
As intempéries da vida
Até quiseram arrasar o plantio,
Saquear o celeiro.
Mas vigiei e não esmoreci.
Aceitei o fruto não vingado.
Aceitei a baixa sazonal.
Amadureci,
Doí,
Sofri.
E enquanto houver vida,
Esses verbos viverão.
Contudo, sei que colhe quem planta.
Quem mais planta,
Mais trabalha...
Mais multiplica o que divide,
Matemática do amor.