Plantar e Colher

Chego à porta do celeiro.

De portas abertas,

Espio lá dentro.

(Sou eu no espelho).

No celeiro, a minha colheita.

O roçado,

Trabalhoso e árduo,

Diário e contente,

Laborioso resultado.

Está cheio ou vazio

O celeiro da vida minha?

Semeei, rocei, aguei, colhi, guardei.

Dividi, troquei, doei.

Fiz escambo, fiz doar-me.

As intempéries da vida

Até quiseram arrasar o plantio,

Saquear o celeiro.

Mas vigiei e não esmoreci.

Aceitei o fruto não vingado.

Aceitei a baixa sazonal.

Amadureci,

Doí,

Sofri.

E enquanto houver vida,

Esses verbos viverão.

Contudo, sei que colhe quem planta.

Quem mais planta,

Mais trabalha...

Mais multiplica o que divide,

Matemática do amor.

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 30/11/2019
Código do texto: T6807650
Classificação de conteúdo: seguro