EM VEZ DE...
Em vez de comer pudim
escreva um poema para mim,
de comer às vezes macaxeira
escreva qualquer besteira,
em vez de morder o pão
cante para mim uma canção,
abstenha-se do filé
e murmure um rapapé
aos meus ouvidos cansados
de tantos barulhos provocados...
Em vez de ir
volte para cá e venha sorrir
das palavras que amontoo na sala,
dos poemas crivados de bala,
de mel e hortelã,
em vez de morrer de tédio
deixe sua alma sã, sem remédio,
lendo versos de Neruda,
nem ponha na orelha
o ramo de arruda,
creia no que sentes,
creia que és diferente
de todo ser que anda por aí,
mais amada impossível,
mais querida impossível,
venha descobrir...