TODO DIA

O dia me acorda sacudindo

grita - ei, vai continuar dormindo?

Eu, à procura do sonho perfeito

aninho o travesseiro em meu peito,

ronrono feito gato de dono rico,

finjo que nem escutei o grito

e mergulho no mundo irreal...

O dia insiste com suas luzes feéricas,

o barulho dos carros trazidos pelo vento,

as contas chegando com almas coléricas,

eu, dorminhoco, converso com o tempo...

Me levanto e saio ao mundo das máquinas

procurando uma dúzia de motivos para seguir,

faço e desfaço e sobrevoo como uma águia,

o destino é feito de atos, borracha e giz...

Volto à casa minha soletrando descanso,

o pão, a sopa, o mel, a bolacha macia,

de novo no mundo dos sonhos vou entrando

com os pés do meu corpo e as asas da poesia...