à meia-luz

Antes de deitar faz uma prece

Única companhia: Hermann Hesse

O cheiro do telhado molhado

Não a deixa dormir

Não porque a incomoda

Mas porque a faz querer sentir

Não tem nada

Nem família, nem casa

Moça desafortunada

Sozinha à meia-luz

Mas olha só que irônico

Chega até a ser cômico

Ela achava que não tinha nada

Mas disseram que a poesia é dela

E se pode fazer o que quiser com ela

Dia seguinte, manhã de domingo

A Olivia já dizia

Que "a solidão vem desce cedo,

E devora"

E é sempre aos domingos que piora

Queria voltar aos sete anos

Correndo sobre a terra vermelha

Soltando pipa a tarde inteira

Admirando a arte nos muros dos subúrbios

Inocente, sem fazer ideia

Do que a vida guardava para ela