Queísmo vital
Defrontar-me com o céu
Nunca foi tão abismal
Confuso sentimento
Todo revestido em véu
Nas entranhas, isolado
Embaraço local
Ainda que haja infinidade
É a parte limitada que me cabe
Fecha-me a uma circularidade
Toda interna pelo que se passa
Sim, desaprendi
Não sei ser mais que isso
Não quero a obrigação de saber
Posto que isso que sou
A mim, é suficiente
Mesmo sem crer
No alvo, fui atingida
Uma bala atravessou meu peito
A vida, às vezes, coragem cria
Desatina, mira e forte dispara
O tempo não perdoa, não
Quem foi que inventou essa ideia?
O coração guarda tudo no baú
Da alma
Brinca com a memória
Desvenda orgulho em mistério
Cedo ou tarde, revira as lembranças
Coloca a repensá-las
Projeta o imaginário
Do próprio pedaço que falta
Não apaga, nem rasga
Tatua dentro do afago
Achas que nega?
Pois te digo: nada
Com beijo, cala a fala
Com toque, acessa o outro lado
E se eu te contar
Que o meu amor é festa
Está mais para cinza
Que verde flor
Todo voltado para si
Reflexivo e pela metade
Nu sem demonstrar pudor
Mas, há o desinteresse
Ele, um tanto, persiste
Também, não deseja ver-te
Estado apático ao pequeno flerte
Desenganado para suportar
O querer minimamente
Por paixão, enlouquecer-te
Então, decido
Eu mesma me entrego
Faço-me vítima
Do nosso afeto
Caio sozinha
No nosso esquecimento.