Adeus aos Medos



Lento despertar do raciocínio,
observa um calendário
com seus dias riscados.
Olha para o relógio,
mas as horas fugiram.
Temendo a estupidez da vida,
Acaba por concluir
que já sobreviveu a tantos dias,
eles se foram-e ele ficou.
Mesmo que momentaneamente
se vê como vencedor do oponente tempo.
Inquieta-se de vez,
agita-se com tal pensamento.
Quer beber algo.
Quer saborear alguma coisa.
Quer ligar o rádio,
Quem sabe, ligar a televisão,
quer fazer contato com o mundo,
não sabendo nisso haver
um sentido de atração
ou de fuga ocasional.
Inunda o ar com perguntas
uma tensão pacífica espalha-se.
Diverte-se com
suas muitas questões.
Distrai-se com
emoções e idéias perdidas.
Caminha solitário
no seu mundo encantado.
A noite caminha vagarosamente,
satisfaz-se com sua companhia,
confraterniza-se em afinidades,
confessa-lhe mágoas e obstinações,
livra-se assim
de um fardo indesejável.
Em meio aos azuis
da luminosidade noturna,
o incandescer vermelho
de seu coração inquieto.
Imprevista satisfação,
surpreendente felicidade,
um irresistível sorriso,
ao ver que velhos fantasmas
da sua intimidade
fugirem, ladinos, pela janela.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/11/2019
Código do texto: T6791942
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