PALAVRA MIÚDA

O sol, trabalhador comum,

Acorda cedo e sai a pintar portas e paredes,

Abrir a boca das plantas e matar a sua sede;

Muitos de nós, arcados com os pesos às costas,

Ensimesmados, nem lhe abrimos as portas,

Caminhamos de mãos atadas

Atrás do ouro que nos leva a nada,

Mal erguemos os olhos para recebermos

O sol que nos aquece em lugares ermos...

O homem, trabalhador incansável,

Não planta sol e nem recolhe raios de lua,

Sai todo dia em busca de uma rua

Onde caibam seus passos,

Onde desenhe os traços

Do seu destino,

E cresce tão rapidamente

Que perde de vista o menino...

O que fica para trás são os feitos feito às pressas,

O pedido à eletricista estrela que nos alumia,

Aquela palavra miúda dentro de uma conversa,

A explosão de consciência chamada poesia...