O MENINO ERETO
Comprei uma pá. Enterrei mil pesadelos.
Esqueci que não podia regar o canteiro.
Diários são os pequenos desatinos
A porta esquecida aberta
O relógio em hora incerta
Minha catedral sem sino...
Desenterrei-os e os enfrentei.
O que não sabia de mim hoje sei.
O doce roubado na mercearia
A nota baixa na escola
O tapa fortuito
Meu menino grito
Sem me deitar num divã
Sem conversar com minha irmã
A cicatriz do tombo e a louça quebrada...
Erguer meu menino e caminhar ereto
Descobrir que ser homem é estar perto
Da claridão da mente
É ser igual e diferente
Fazer a barba e descobrir por baixo
O rosto imberbe
O que quer que ele revele
Em tudo me acho...