VIDA GENTIL
Sentado no banco da praça
ouço a ave que voa
a meditação da garça
a nuvem que se esboroa
enquanto o céu faz a dança da chuva
e ao redor a brisa muda
suave e lenta passa...
Espero espíritos
mas o que vem são os gritos
das crianças nos brinquedos
que vivem sem o mínimo medo
da altura da roda-gigante
rodam o pião no barbante
e o tempo nos braços do espaço
se balança como numa rede
traçando no infinito um traço
como um desenho na parede...
Me levanto e caminho
como uma formiga sem folha
volto para o meu ninho
como alma que revoa
e o coração na paz pedida
me devolve em gentileza a vida...