A PRIMEIRA CABANA
Depois de nascido
Foi que descobri que havia sentido
Na minha presença
Neste universo que parecia perdido
Sem a mãe cosmonáutica
Errando numa viagem intergaláctica
Sem o GPS de Deus...
O teto da minha cabeça
Descobri enroscado feito parafuso
Recebendo clarezas para este cérebro confuso
Que mistura morte e renascimento
Visto que o que sou por fora
Sou exatamente o mesmo por dentro...
A filosofia inda ignorante
Esticou o barbante
Entre o vazio e o recheio
Então pude beber na nascente
Que do céu está no meio...
As letras deram caminhos
Aos pés analfabetos
E peregrino discreto
Caminhei como quem busca
A estrela que corusca
Indicando aquele lugar
Onde o homem encontra
As raízes do seu lar...
Do jeito que a barba cresce
A curiosidade fenece
E os olhos um dia curiosos
Tomam forma de periscópios sedosos
Mais descansando do que buscando
O que se esconde na casa do óbvio
Pois que o tempo recolhe a colheita
Que se sabe embriagada ou o sóbrio
Balaio de vidas tão bem ou mal feitas...
Um balbucio de prece em oração miúda
Atravessa o coração do universo e pousa
Como abelha na flor do Paraíso
Onde o homem ganhou e perdeu o juízo
Descendo ao pomar de flores e frutas
Onde pede bênçãos e se verdadeiras
Lhes serão de grande utilidade
Na travessia entre pedra e pó
Como um ser fantástico
Buscando a primeira cabana
Como um remanescente neto
Voltando à casa da avó...