Realidades
Abri a janela...
Um cheirinho de primavera
veio de longe;
adentrou com
a brisa curiosa e
com a maciez de um calorzinho...
Envolveu-me!
Mexeu comigo,
solicitando atenção.
Então olhei!
Os verdes todos
numa conversa movimentada;
duas, três borboletas dançando
entre eles...
Alegria frouxa!
Minhas violetas
florescidas! Risonhas,
banhando-se de sol
atrás das vidraças!
Uma bougainville espaçosa
abraçando,“sem cerimônia”,
um telhado,
quase que por inteiro,
com bougainvillezinhas vermelhas,
precoces, espiando
a tarde de azul belíssimo...
Uma bananeira inclinada
suspendendo, bravamente,
uma “penca radical”
sem medinho nenhum
de “embananar-se” lá no chão...
Fui fisgada por aquela
realidade pacífica
e generosa de um momento,
de uma tarde...
coexistindo
com outras de dor, rupturas,
desastres, misérias...
Tomou minha emoção!
E eu a quis por inteiro
e prolongada!
Que fosse suficiente!
Bastasse
para serenar
inquietudes
e complexidades
cotidianas...
E naquele momento,
foi.