MIL PERDÕES

Como explicar minha inquietação?

Como superar esta ansiedade?

Talvez declarando:

eu me perdoo

e minha culpa é imensa!

Minha culpa é tão grande quanto a fatalidade,

vibrando em seu instante de ruína

ou mais ainda,

falha do mecanismo

de um trem-bala em uso,

quando sobra apenas a bala.

Como explicar meu enguiço?

Como superar minha aflição?

Talvez afirmando:

eu me perdoo

e minha culpa é imensa!

Minha culpa é tão grande quanto o inevitável,

morte de um corpo anoréxico,

cadáver que não retribui beijo de adeus

ou mais ainda,

falha do mecanismo,

de um trem-bala em uso,

quando sobra apenas a bala.

Como perdoar este dolo,

esta culpa sem sentido?

Talvez garantindo

eu perdoo o que sou

e minha culpa é imensa.

Recebo assim o meu indulto,

recebo a graça que vence na fecundação,

formará o zigoto,

e eu retornarei

para me restaurar então.

Nesse momento sou o novo tipo de gameta

notável gameta, novo trem bala

a bala exata

na exata cabeça.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 15/10/2019
Reeditado em 08/09/2023
Código do texto: T6770585
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.