TODO O SEU AMOR
Ainda escreverei uma poesia
feito uma pizza de mussarela
e a tarantela te cantaria
ao ter ver sorrindo na janela...
Ainda porei versos a brotar do chão
os semeando em terra seca e dura
e feitos tenras odes vindas do coração
brotarão como estrelas em noite escura...
Ainda porei sapatos nas palavras
e elas entrarão nos salões do palácio
e subirão e descerão pelas escadas
de um jeito dócil e lindo e tátil...
Ainda verei poesias grávidas e dolentes
a passearem pelas cabeças atribuladas
gerando descanso num doce repente
livrando as almas das algemas apertadas...
Ainda deitarei rios em olhos cheios de lágrimas
risos com peixes saltando nas corredeiras
o fim do raivoso canto de todas máquinas
e o nascimento de canções corriqueiras...
Ainda terei sob os pés a relva macia
que crescerá sobre os tijolos das eras passadas
trazendo à tona a mais verde poesia
sobrepujando os militares que caminham pelas estradas...
Ainda verei a ti recitando tua saga aos oceanos
e multidões esperando as pétalas da mais rubra flor
milhões de pequenos seres desenhando seus futuros planos
enquanto espargirá sobre eles todo o seu amor...