DEUS NÃO ABRE MÃO DO VALOR DA TUA VIDA

Céu escuro, sem horizonte na vastidão.

Mula-sem-cabeça, vampiros à solta, parecia noite de aparição.

Negras nuvens sobre o mar feito furacão.

Ondas se agigantando contra o costão.

Flores rastejantes pela praia sendo engolidas na escuridão.

Ventos fortes, palmeiras com os braços alcançando o chão.

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A cada estalo, mais trovões.

Natureza fazendo um cordão.

Relâmpagos ofuscando a visão.

Granizo sobre o amianto, em decomposição.

Buracos cada vez maiores, mas o casebre do chão não largava,não.

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Um choro, sobre tudo cobria as emoções.

Gritos de dores chamavam de volta à razão.

Uma mãe em gestação.

Uma parteira espremia com forças as suas mãos.

Nessas horas o Homem de Fé, ora com devoção

chama pelo Deus até então oculto, com aflição.

O Pai de João Feliz, repetia sem parar orações

Segurando com as costas e mãos

As toscas tábuas que restavam do seu lar em demolição.

João Feliz

Calou o mundo malvado, como são as bençãos

Quando todos espremidos e ajoelhados já pediam perdão.

Subitamente a tempestade passou.

Tudo se acalmou

O vento parou

O mar serenou

A chuva cessou

A dor se esqueceu

O luar apareceu.

Uma benção

Mostrava-se assim, João Feliz

Ora na sombra, ora na luz do lampião

Parecia hipnotizar a todos

Com a sua candura e bravura

Diante das batidas aceleradas de tantos corações.

***

Cedo se aprende a lição,

O homem chora

Gatinha

E ri

Cresce e grita

Ou silencia indiferente a tudo.

Pode até girar feito um pião.

Mas do valor da sua vida, Deus não abre mão.

Se você lutou para nascer, por que não haveria de lutar para viver?