JAMAIS VOLTARÁ
Quem tem medo de ficar sozinho
sai à noite e tange seu próprio sino
chamando alguém que por acaso vá passar...
Sai à janela de olhos tão acesos
e ali fica ninando o próprio medo
que vaga silente pelo ar...
Canta e murmura e murmura e canta
e a solidão enxota ou então num vagar espanta
procurando onde fica a cabana do amar...
Conta estrelas que vagam no céu
e lança sentimentos num voar ao léu
esperando que um astro vá olhar...
O cansaço que vem é de quem espera
que da jaula saia para enfrentá-lo a fera
que sem trégua o vá então abraçar...
Sem alma nua a caminhar pela pobre rua
se atira no alvo lençol e sentindo a crua
esperança que fenece põe-se então a chorar...
E suas lágrimas segura e faz delas um colar
que lança ao céu como quem buscar adornar
o amor perdido que jamais jamais jamais voltará...