Recolhida


Sim, eu ando recolhida,
Ando mais devagar pelos mesmos caminhos,
Ando distraída, mas rezo aos velhos santos,
Olho antes de pular.

Sim, esta tem sido a minha vida,
Aprendi que às vezes é melhor estar sozinho,
Não salpicar mágoas nem tristezas pelos cantos,
Aprender a desapegar.

Sim, eu ando recolhida,
Confortável e aquecida em meu pequeno  ninho,
Desfaço mandigas e quebro quebrantos,
Não me deixo mais levar.

Exerço minha vida por trás da minha porta,
Viajo a mil mundos, mas volto ao meu leito,
Porém, não se enganem nunca a meu respeito:
Ando recolhida - mas não estou morta.



 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 23/09/2019
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