EMPRESTADO

Pego emprestado

não roubei e à força não foi tomado

os versos que lavro e esculpo

vez ou outra o oculto

se manifesta em epifania

como se um dourado espírito

ouriversasse minha poesia...

Tomo de empréstimo

e não nego que o léxico

que uso vem do dicionário das coisas

que rodeiam tudo o que é vivente

desde um folha que cai ao chão

até o cego que canta o repente

então digo que o sonho se empresta de mim

me deita e me dorme como se num cofre de marfim

guarda meus elegantes elefantes

ou minhas pescoçudas girafas

e põe no último instante

uma face cheia de graça

que me faz acordar amando

e amando vou todo dia

e o amor vou praticando

como pratico esta poesia...

Empresto teu olhos para a leitura

do que escrevendo caço o sentido

e quando abres o poema nessas alturas

é que vejo que ganhei mais um amigo...