ÚNICO CORAÇÃO

Já não sei xingar

e nem insolente ser

minhas palavras não tem dentes

e nem sabem morder e nem ofertar

comentários sem conteúdo

meu verbo aprendeu a ficar mudo

e espiar pelas janelas do mundo

o que se passa e nos ultrapassa

nem sei sem ainda somos raça

de ir à escola e usar a sabedoria

como uma mãe que protege sua cria...

Um dia fui moço

de querer o fundo do poço

e o que tinha lá dentro

mesmo que fosse um punhado de vento

ou uma bacia cheia de ouro

é como a brisa que já foi tempestade

ou o minério que dormia e virou balde

ou ainda mais a palavra que dormia

e ao acordar virou poesia...

Um dia seremos mais ou menos parecidos

já não nos quebraremos como fôssemos vidro

suavemente nos daremos as mãos

e como seres encantados

cantaremos em uníssono

como um único coração...