Negações Sentimentais
Tantas coisas deu criastes, que depois os apartei
Por em mim os males entrares, após a fé abalastes
Dos passos que eu criava, e caminhos que ficastes?
E das mãos falsas e passageiras que eu apertei?
Nos pensamentos férteis eu levei abates
Cuidando da matéria mental, vãs fundamentos
Onde no cérebro ocorre má tentamentos,
Tal inocente naquele são ataque.
Do sol que nascerdes, procureis tal abrigo,
Com qual tão alma colosso ficardes
De pés calejados, no chão já não pisardes,
Com o sonho que desejas o fim deste castigo.
Desconstruído de mim, vos partirei do ego
Sem a correta coerência das ações
Vindo do mau entendimento das questões,
Pois a tentação deixa-me mui cego.
A lucidez pouca dos meus baixos olhos,
Não vos vejo através desta cortina,
Talvez entupido de doses de morfina,
Para vê-los, não de peitos mortos.
Sabotado por vãs caminhos escuros,
No gigante deserto do andar reluzente,
Onde vos olhos abraça a solidão ascendente,
Com o bom ego que se perdura no agir maduro.
Na lua que traz a noite que vistes,
Leva no âmago, descanso eterno,
Digo-lhe de alma, amares sincero,
E vai esvaindo-se da vida, toda peste.
Segundo de tentações carregadas,
Como nuvens negras com gotas frias,
Esfria o espírito da vontade e da porfia,
Que não transcende mais minha alma danificada.
Distanciai-vos de mim toda iniquidade,
Cego e burro sou para os tolos,
Surdo não ouço as falácias dos lobos
E faço-me imune das malignidades.