SENHOR DAS METÁFORAS

A semana que vem não existe.

Nem amanhã, menos ainda daqui a pouco.

O barulho do escravo do tempo, monótono,

acena para o momento agora, esse instante

que, vivido, já passou.

Segurar esse indócil alazão que cavalga e tremula sua crina

é tarefa para quem já mergulhou na piscina do abismo,

varou arames farpados de terras devolutas e proibidas,

encontrou sua imagem estampada na caverna

lutando contra bravos animais inexistentes.

Agora, esse exato momento, está fundamentado

no possuir o desejo de viver de forma ininterrupta

como se centenas de centelhas, fragmentadas,

fizesse o fogo do corpo se desfazer em faíscas

encharcando o imagético céu com fantasmagorias,

num além suposto pelas leis que a tudo dissolve.

Nada existe e nem pode ser medido pelo que não existe.

O tempo, senhor das metáforas, que o diga.