Medo em Poesia
Se a poesia encontra um jeito
É depois do verso feito
Que vamos comprovar
Se é possível retirar
De dentro do meu peito
As dores que no leito
Da minha alma vão deitar
A começar pelo medo
Que desde muito cedo
Em minha vida apareceu
Teimosia ali se deu
Até hoje se demora
Porque mesmo aqui e agora
No meu peito ele gemeu
Colocando no papel
E girando o carrossel
Das emoções que reprimi
E das dores que senti
Sem jamais jogar pra fora
Quem sabe em alguma hora
Não estarão mais ali
De onde será que vem
Sem perdoar ninguém
Esse medo tão cortante
No meu peito tão vibrante
Que gela o íntimo da alma
Que o coração não acalma
Um aperto quase constante
Às vezes até mesmo paralisa
Aparece onde não precisa
Cria o que não tem
Nem avisa quando vem
Tão pouco explica o motivo
De me tornar tão cativo
E ter medo não sei de quem
Mas não é que batendo de frente
Me dei conta de repente
Que é não tendo medo do medo
Que se descobre o grande segredo
Pois não negando o que se sente
Se planta uma semente
De coragem nesse enredo
Um aprendiz de rochedo.
Joaquim Távora - PR
01/09/2023