QUASE NADA DE MIM
Escuto crianças dançando e cantando,
minh’alma se vai com elas...
Escuto pássaros assoprando segredos
e minha mente se perde entre nuvens...
Faço o que posso para ser quem sou
mesmo que eu não saiba quase nada de mim...
Escrevo cartas e poemas e fico em silêncio,
escuto meu coração bater do outro lado do rio...
Talvez alguém em algum lugar possa me dizer algo,
me contar que me viu contando estrelas brilhantes...
Talvez me digam como faço para seguir nessa estrada
cheia de curvas e árvores com espinhos e frutos verdes...
Folheio livros em busca de um poema que me faça chorar
ou que me faça ficar em paz por um só instante...
O rumor do tambor do universo me chama para a festa
mesmo que eu esteja cansado de carregar folhas...
Subo na mais alta colina e a cidade grita com sua voz de aço...
Desço ao mais baixo que posso para ouvir insetos e a água correndo...
Dizem que sempre parecemos com outro alguém
que não conhecemos...
Acho que me pareço com o instante em que durmo
e me ponho a sonhar...