Hipocrisia

Um homenzinho nasceu num dia

Muit’abençoado pela existência

Pois tinha grande inteligência

Porém, muito humano ele era

Pois trazia incrustado no coração

Bem e mal, em nada estranho não

Era muito mais bom do que mau

Mas era crítico da humanidade

Em como ela manejava a liberdade

Para cada bondade que praticasse

Se uma maldade ele fazia

Já via, nisso, hipocrisia

Por isso, não semeava palavras boas

Pois receava que caísse no pecado

Bem não aconselhava, ficava calado

E, assim, os anos se passaram

Com todo ato seu de bondade

Calado, pelo medo de sua maldade

Calhou que, num dia, muito humano

Fizesse uma bela filha, sem querer

E assumiu a menina, com muito prazer

Assim, caminhava com ela no mundo

Mas sem aconselhá-la coisa bela

Medo de ser hipócrita, aos olhos dela

Sua dualidade de ser o consumia

Pois não aceitava que, numa hora

Era bom, depois mau, sem demora

E a mágoa quase matou seu coração

Se não fosse a filha, um anjinho

Enchê-lo de ternura e carinho

Calhou que num dia, um dia qualquer

Onde ambos, deitados, viam estrelas

O seu peito irrompeu em tristezas

A garotinha, ligeira, lhe dá forte abraço

Inteligente como o pai, já bem sabia

O que naquele coitado se abatia

“Papai, te amo e o senhor bem sabe

Mas te peço que não te aflija

Com tua postura tão rija

Sei bem como temes a hipocrisia

Por isso nada bom aconselha

Mas além disso há quem veja

Que a bondade transborda em você

Pelos atos e atitudes que toma

Vai muito além de tua redoma

De ti herdei inteligência sensível

Por isso bem vejo, e em paz

Tudo de belo que és capaz

Fica sossegado, não te abata

Aceita logo que não és perfeito

Cala esse animal que te fere o peito

Acata depressa tua humanidade!

Pois, isso, bonito pode bem ser

Se coisa bela, dela sabes fazer!”

E, assim, seu ser quedou atônito

Por ser corretamente aconselhado

Da menina que sempre o viu calado

Mas aquele serzinho inteligente

Capturou a sabedoria da vida

Vendo seu exemplo, de lida

Aquele dia, um dia qualquer

Tornou-se para sempre especial

Calando no peito o seu animal

Finalmente aceitou sua imperfeição

Presente no ser de todo humano

Pelo carinho de um pequeno anjo!

Eudes de Pádua Colodino
Enviado por Eudes de Pádua Colodino em 21/08/2019
Reeditado em 21/08/2019
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