MATRIX
Em volta da mesa, sedentos
Dosamos aos dias as magoas nos copos
As desnudas verdades vendidas
Fazem vermos a vida
Como se fossemos mortos
A pílula vermelha é sem volta
Já bebi minha cota
Já caí sem ter chão
Já comi o jantar preparado
Com deus e o diabo
Amassados no pão
Eu sinto os olhares oblíquos
Que refletem os abismos
Que a grana cavou
Motivos carregados de “ismos”
Não é pessimismo dizer que a festa acabou...
O futuro, fortuita quimera
Quem sabe a primavera*
Nos traga um verão
Já estamos condenados à vida
E é melhor desistirmos de uma absolvição.
(referência à primavera Árabe: foi uma onda revolucionária de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África a partir de 18 de dezembro de 2010.)