VONTADE SEM SOBRAS
Quando durmo vou para onde nem sei,
sei que o sonho parece real,
sendo real a doença.
É doença sonhar como faço,
pois não há sobras, nem questões,
apenas o cerco do possível.
E quando acordo comunico:
sonhei que dormia e ao acordar
ainda sonhava e nesta roda
acordei três vezes
até despertar de fato,
desta vez ao seu lado.
Quando durmo pergunto:
“Para onde irei hoje?”.
Estou em um grande parque!
Vá mais longe!
Encontre gente viva,
encontre gente morta!
Vá mais longe!
Suba no bonde!
O bonde é inexplicável
como um hematoma;
é uma imagem presente
em um momento qualquer.
Ele faz a curva,
rumo ao centro de lugar nenhum.
Um lugar que, às vezes, é desejo
de água cristalina para abrir olhos secos,
manhãs de sol luzindo pelas janelas.
DO LIVRO: NOVA MECÂNICA