poeta moderno
sou poeta moderno, um pouco escasso de sentimento, preocupado com trabalho matinal, perdido na minha gigantesca cabeça oca. conto as moedas pra passagem ali na rua principal, o maringá passa lotadinho, cada um com seu fone de ouvido se martirizando pela vida que leva. coloco minha versão e me junto a este grupo. sou poeta moderno, embalado pelo capitalismo que me cerca, vejo de perto a arte estampada no centro, rabiscos e reflexões. essa era é feita de reflexões, mas eles também precisam pagar as contas, não se vive tão bem de arte, sejamos realistas. sou poeta moderno, escrevo até sobre o poste que está sozinho em meio multidão que nem liga para sua posição, faço poesia mesmo, faço essas coisas por aí. me fecho no quarto frio e me esquento de versos frescos. minha cabeça queima, mas ninguém liga pra um poeta moderno, estão isso é um balde de água fria. minha cabeça esfria. foda ser assim, meio indeciso de tudo, mas eu me entendo, eu acho que entendo.