NOSTALGIA
Heras espiam o muro ao lado, sujo de musgo,
como a lua se derramando sobre os lábios
de quem namora o tempo como um velho urso,
de quem pergunta tolices ao mesmo velho sábio...
Trepadeiras vãs buscam o alto dos satélites,
o fio que toca a terra é o mesmo que toca a lua,
homens vestidos de pássaros acionam suas hélices,
a mesma tolice de quem busca o céu andando na rua...
Surgem lobos e meninas com seus vestidos vermelhos,
plataformas de saltos para que ousa sair da mesmice,
juntos, o cordeiro, o pastor, a ovelha, a lebre, o coelho,
buscar respostas é o mesmo que acreditar em vãs sandices...
Ávidos cágados rompem a velocidade da luz em flutuação,
cegos habitam a casa da luz e podem ver a abóboda,
micos leões dourados brincam com um peludo coração,
na pele do tempo vetusto já aparecem nódoas...
Nós, buracos de agulhas que não conhecemos o tecer,
saímos do banco com a carteira repleta de nostalgia,
sabemos que iremos visitar onde nasceu o acontecer,
pousamos nos livros sujos de terra essa terna poesia...