Uma ave parou lá no céu.

Difícil!

E tem sido a cada dia

Mais difícil vislumbrar

Vida inteligente nesta vida

Salvo parcos resquícios

De quem queira ver

E quando olhar no espelho

Iníquo

Ver-se

Tendo em vista

Ser todo sentido da vida

Avesso a qualquer conquista

Pois a lista de batalhas a vencer-se

Resume-se a si mesmo

Porque é este o motivo de estar aqui

E vivo

Porquanto é o mais duro oponente

O próprio orgulho

Que uma vez vencido

Por si mesmo

O ego

Fatalmente haverá perdido

Anular-se

Sem jamais aniquilar-se por completo

Vida, batalha perdida

Uma vez que se perdeu

Vencida

Porém

Conforme o poema discorria

Por um momento observou-se

Inócuo

A quantidade de pronomes oblíquos

Em detrimento aos do caso reto

Nem mesmo o poema

Tampouco o poeta

O dito pelo não dito

Movimento inerte

Inertes qual suas conquistas

Contemplando seus espelhos

Sem jamais serem vistos.

Edson Ricardo Paiva.