NINGUÉM A MIM DEDICOU UM POEMA EXCLUSIVO
Ninguém a mim dedicou um poema exclusivo
Com muitos versos de choro ou de riso,
Nem Com pensamentos
de saudade
Pela ausência
Ou de alegria
Por minha presença.
Ninguém jamais me escreveu versos de amor,
Ou comparou meu perfume ao da flor,
Nem me declarou
Que eu dominava seus pensamentos
E em si me fazia inesquecível.
Ninguém me compôs linhas
Escrevendo sobre meus lábios,
Sobre meu olhar ou meu sorriso,
Sobre a minha voz de anjo
Ou minha capacidade de saber ouvir
Ou mesmo a minha habilidade de fazer rir.
Ninguém.
Ninguém me fez sonetos,
Ninguém me fez poesia
Me comparando à noite
Ou ao dia.
Ninguém me escreveu em um poema:
“Você é minha inspiração,
É a musa da minha canção,
A raptora do meu coração”.
Ninguém me disse em tom de rima
Simples ou elaborada
Que sou eu a sua amada,
A luz da sua estrada,
O porto em que seguro se ancora
Após exaustiva jornada.
Ninguém me fez nada
Que em versos exaltasse minhas qualidades
Ou mesmo criticasse os meus defeitos.
Ninguém me escreveu
Deste ou daquele jeito.
E aqui estou eu...
Dedicando a mim este poema
E àqueles que, como eu,
Não receberam um poema exclusivo,
Mas que merecem, ainda que em versos simples,
Saber que são especiais
E que o perfume da sua existência
É mais aromático que o de qualquer flor,
Pois muito maior é o seu valor
E que o brilho da sua alma,
Ainda que dentro de um quarto escuro,
Ou na solidão do seu coração
Ninguém, jamais, poderá apagar.