Um velho tronco.

Talvez a ninguém interesse

Creio que não vale a pena

Eu sou apenas um velho tronco

Um pedaço de árvore

Que um dia existiu

Só semente que cresceu aos poucos

E os lugares onde eu fui

Foi seguindo o mundo

Conforme o tempo flui

Eu viajei no tempo

Vendo irem-se os dias

Assim como vão as montanhas

Assim como as pedras

Porque nada é eterno

E tudo é sempre

Sempre louco

Não andei como andam as nuvens

Mas as nuvens também se vão

Sempre se vão

E eu não sei pra onde é que elas vão

Pois duram pouco

E eu só sei que todas se foram

E eu aqui parado

Fui vivendo ao lado de estrelas

Fui vivendo ao lado do Sol

Penso até que o Sol seja uma delas

Penso que tudo flutua

Flutua junto ao rio do tempo

O rio do tempo ruma

A caminho de lugar nenhum

E eu, por não ser nada

Não sou nada

Como nada são as montanhas

Como nada são as pedras, as nuvens

Estrelas e as gentes

Sou somente um velho tronco

De outra árvore que existiu

Que outro dia era semente

E foi crescendo

Cresceu em direção ao Céu

Não sei meu nome

Não me lembro se gravaram

Nome em mim

Só sei que o Céu se move

E move as nuvens e elas chovem

E molhavam minhas folhas

Que secaram, porque tudo chega ao fim

Assim se foram

Como tudo sempre vai

Se vai sem rumo

Destino a lugar nenhum.

Edson Ricardo Paiva.