NARRATIVA NOTURNA
Lá está o ser...
Sobre o manto de uma noite qualquer
Acariciando a capa de um livro
Olhos fixos em sua caneca, indefinida lembrança
Percebe a lenta efusão de um chá qualquer
Observa a fumaça que se ergue e desaparece
Enquanto o líquido esfria..
Inevitável parâmetro,incontinente apresenta-se
Seu sentir, sua vida
Levanta-se por impulso, se vê em fuga
Acorre a janela, entre grades
Pensa na liberdade de uma poesia, notando o luar
Seria lindo exaltar o que por si já é belo? Desnecessário?
Seu olhar alcança a esquina, já íntima de seus passos
Sob uma marquise, outro ser envolto em roto cobertor
Noite, luar, poesia, liberdade, desesperança
Despedem-se sem encanto, enquanto encara a realidade
O que resta? Outra fuga?
Despe-se da visão, apaga a luz
Desiste da poesia, narrativa noturna
Antes de cerrar os olhos
trai o infortúnio da culpa.