A TEMPESTADE E O SILÊNCIO
 
A tempestade
E sua mania de lamber o todo
Levar embora a frágil fertilidade
E as lembranças de verões sólidos
 
O silêncio
Indesejável como um inseto na sopa
O mundo não tem espaço para hiatos
Segue o fluxo das loucuras
Rumo ao próximo precipício
 
A tempestade
Impetuosa no seu chocar-se contra o chão
O vento frio e forte solavanca o velho peito
Inunda de aflição os que já vivem a deriva
Enquanto minh’alma aberta parece galeria urbana
Recolhendo destroços de tantos sonhos e deslizes
 
O silêncio
Bate na porta da cabeça em ebulição
O adeus, o grito e a gargalhada, estampido
A bala perdida aloja-se em alguém impedido
Havia uma direção
O discurso da dizimação
 
A bonança
E enfim o silêncio
Sepulcral
Na seara do deus que se construiu
Ao longo do tempo e das enchentes

 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 15/06/2019
Reeditado em 15/06/2019
Código do texto: T6673411
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