QUANDO

Quando plantas, em tua roça,

a futura tapioca,

sabes que rio de gostosura

por saber que essa tua cultura

faz de mim um sujeito alimentado

pelo aipim fincado

em tua terra de mil farturas...

Quando escreves em verde

no chão batido essa alface,

saiba que em mim nasce

uma espécie de sede de gratidão,

e, por isso, devo dizer-lhe,

obrigado, de coração...

Quando misturas água e minério,

sei que se cada um levasse a sério

esse teu vergar a espiar esse chão,

saberia amanhã, agora, de antemão,

que o que plantas, de sol a sol, todo dia,

é alma escarrada da senhora que nos ama,

a translúcida e terrena alma da senhora poesia...