O Tempo é o mais sincero dos amores.

Outro dia eu vi o desenho

de um lugar feliz

Em que todos tinham muito tempo

Onde todo mundo tinha voz... e vez para falar

E eram muitas as vozes

Vozes a cantar ao vento

Era tanta a luminosidade

Que a própria luz do Sol

Parecia ser somente um lume

Uma falsa e velha flor

Já desbotada e sem perfume

Durante o reinado da ilusão

Realidade é fração de momento

Um cume de montanha pra poder morar

Com nascente de águas cristalinas

Pra guardar em cântaros de porcelana

Cada palmo e cada prumo

Cada alma sedenta em seu rumo

Mas esse lugar

Era apenas um colar de sonhos

Pois pétalas bonitas e serenas

Podem até desabrochar ao Sol

Mas as flores em botão

Essas brotam noutros tempos

Mais difíceis e cinzentos

Pois o tempo é o mais sincero dos amores

E ele veio...um dia ele veio

Dentre toda relação que cresce

O tempo estabelece

A relação entre a causa e efeito

E veio o tempo de chorar

Pois sempre existe

O tempo de chorar sorrindo

E de sorrir chorando

O tempo de plantar

E o de colher

De sorte

Que as menores sementes

Dão árvores de grande porte

Cada coisa em seu lugar

E o lugar para ilusão é uma ilusão também

Outro dia eu vi o desenho

De um lugar chamado vida

e eu estava lá e via

Mas não vi as coisas do mesmo jeito

Não no lugar de onde eu venho

Pode ser também que toda aquela gente

Tenha olhos que eu não tenho.

Edson Ricardo Paiva.