A vida não é um filme
Comprei lingeries que nem vou usar
Ê vida de azar
Acho que vou reiniciar tudo e ver se alguém fode comigo
Hoje vejo que a vida é a única que fode mesmo, mas ela nunca, nunca se apaixona.
Não é como aqueles canalhas que pegam todas no fim da festa e se acham invencíveis por ter um pênis de 20 centímetros veiudo e sem AIDS que num belo dia conhece uma garota desastrada de óculos, meio feia e que depois os arranca e se mostra peituda e gostosa pra caralho e aí o cara se apaixona e eles fodem dia e noite e fazem filhos loiros e ruivos com sardas, lábios rosa e olhos azuis que deixam o céu em pura neblina chovendo ácido na cabeça dos azarados.
A vida está mais pra um ser sem capacidade de amar.
Que namora e termina e já conhece outra pessoa e já fode e não liga no dia seguinte.
Um Charlie Harper, Charles Manson, meu pai, meu avô ou algum velho escroto qualquer, estuprador e pedófilo.
A vida anda sempre com seu pau pra fora o exibindo pras noviças que, de santas, não tem nada.
A vida é um hétero enrustido que, quando bebe, toca punheta pros manos na "brotheragem".
Eu gosto da vida quando ela serve leite com biscoitos como num ridículo cenário de filme americano dos anos 60.
Mas hoje não estou gostando dela. Está me parecendo uma pontada na boca do estômago. Um filme trash bem do ruim mesmo.
Descobri cedo demais que a vida não era um filme, mas, ainda assim, era tarde demais: eu já havia sonhado com meu Romeu Montecchio com pitadas de Hemingway.
A vida não é um filme. Não a assista. Não a olhe nos olhos. Eu avisei.