O voar da vida.

Se em algum momento

Eu me sinto deserto

E me vejo distante no tempo

Penso que na paz do voo

Há mansidão do inseto

em sua breve existência

Flutuando suave pelo vento

Em seu pequeno espaço, lento

Seu volume de suavidade

No fino fio de sua seda

Inseto e aranha

Conquistam o cume da montanha

Simplesmente humilde traço azul

O Frio azul de um céu cinzento

Compreendo a vista lá do alto

Esse sopro de vida que se estende

Ao brilho do chover da chuva

Concluo não brilhar pra ser olhada

Singelo é o brilho sem compromisso

A gota brilha ao cair

Em seu prisma suspenso

Formando um lindo arco colorido

O barco de Deus passando ao conduzir a vida

Pois a vida não existe pra ser conquistada

Ela é feita pra ser vivida

A vida é só isso e mais nada

Acontece que além das nuvens

Há depois um céu

Ali é que se oculta

O oceano de estrelas

E já não há razão para eu ser triste

e nem deserto

A alma cresce ao viver a vida

Sem precisar explicá-la

Pois enquanto a alma singela escuta

O ego quer falar mais alto

E se agarrar à vida

Mas a vida é só um pequeno inseto

Em seu voar suave

Orgulho é o nome

da ilusão perdida

Que insiste

Em ser guardiã da virtude

Mesmo que nada fique

Mesmo que não mude nada.

Edson Ricardo Paiva.