DESERTANDO DE SI MESMO, DESERTANDO DO VIVER
Ai, seja amigo de teu inimigo... e então serás inimigo de ti mesmo!
Ao que fugiu da arena... por medo de morrer
(o que seria nest'exílo sua sagrada luta)
E assim entregou suas armas nas mãos de seu pior inimigo
Oh! quanta desonra, meu Deus!
Desertor de si próprio, ai! que pena assim o ser!
Ao que, portanto se renega... e se trai
E, mais ainda, a jogar para bem longe sua vital felicidade
Ai! quem lhe roubou, pois sua antiga ousadia de viver?
(a te apagar qual fugitiva sombra diante da falsa luz alheia)
E, ao que conclui-se enorme fraqueza o ser:
Covarde... covarde... covarde!
A s'evitar, pelo medo que dos outros se tem, o que ele é
E destarte só vive a fazer dos demais seus caprichos... seus deleites
E sempre... a contragosto
No sacrilégio d'então negar sua vontade... seus desejos... sua vida
E assim, por viver para os outros, e somente para eles,
eis que não vive mais... para si mesmo
Oh, haverá, nesta sua vida, traição maior?
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08 de junho de 2019