O LIVRO DA POESIA
O homem faz história não com sangue azul
e espada de aço brilhante limpa de sangue,
mas, sim, com homens manchados de vergonha
caminhando pelas alamedas estreitas do coração...
O homem não usa seu amor para não usar os outros
e tratá-tos como peças de um xadrez imaginário,
mas, sim, com cercados e fronteiras eletrificadas
impedindo o primeiro princípio, o ir e vir...
O homem desenha seus mapas de tortura e sacrifícios
tratando seres da sua mesma espécie de modo vil
rindo diante de suas faces suas crueldades e vícios
enquanto crianças morrem nos arrozais por falta de pão...
O homem fez de si a própria estatua que precisa derrubar
com rajadas de consciência diante da humanidade no dia-a-dia
revendo suas bíblias e constituições escrevendo outro livro no lugar
que deveria ser chamado por todos como o Livro da Poesia...