A MESMA POESIA
Eu não esperava.
Ali, quieto, num canto,
um poema se dava
ao luxo de rir ao lixo,
como um bebê numa jaula
se dando aos bichos...
No chão molhado de uma noturna rua
ia eu pensando como dispensar pensamentos;
vez ou outra escapava um olhar a mirar a lua,
movia-me como mar imenso, revolto, por dentro...
Foi então que os olhos do poema pousaram nos meus,
viajaram léguas em minhas veias de tantas miragens;
olhei-o como se pudesse ver sua alma, e ali fui eu
aquele que fez barco com tuas palavras, em viagens...
Sentados no chão da terra que nos acolhia,
como carne e unha da mesma mão em labuta,
tecemos, companheiros e amigos, a mesma poesia,
que na floresta de sentidos, por nós, tanto luta...