POEMAS ANTIGOS
Despachei meus ontens pelo correio,
amanhã os apanhareis para uma revista,
as perdas, as conquistas,
serei sóbrio ao ler,
estou louco para saber
o que foi que fiz
e não faria mais,
o que foi que não fiz
e que não me deixa em paz,
abrirei cada dia vivido
como se abre um vidro
com a mensagem de um náufrago,
um pinguim nas ilhas Galápagos,
lerei com espírito esportivo,
o que foi apagado será reescrito,
toda memória perdida
contém um sopro de vida,
sei que haverão perguntas
escondidas nas respostas,
como um garimpeiro com ouro às costas,
serei um monge,
um budista,
nunca mais um farrista...
Me ocuparei dos dias passados
entre alvos e dardos,
poemas antigos,
lendo-os estarei ocupado...