Aberturas
Em uma tentativa paradoxal da elaboração
Daquilo que se passa, no mais íntimo de mim,
Lembro-me de algumas músicas.
Os sentimentos compartilhados
Continuam sendo os mesmos,
É o que nos conecta e isso me toca
Profundamente em alguma medida.
A vida é um ferida exposta.
Cuidados são necessários.
O pouso, na calmaria de tudo que habita,
É preciso.
O acessar do desmembramento
De pequenos conflitos que formam
Acúmulo ao longo do tempo.
Então, escrevo.
Costumo me abrir com certa facilidade.
Acredito que desencontros,
Chegadas e partidas são o fluxo natural
Do percurso vital.
O mais particular que se transforma
E reluz no coletivo engrandecido.
É sondando o ânimo
E determinadas sensações
Que se despertam algumas respostas.
Não tão certas quanto se espera.
Relativas.
Às ocultas, peças se encaixam
No mundo fechado
E pedem para serem apreciadas de fora,
Sob olhares apaixonados.
Ou, apenas, olhares.
Não é tarde, nunca é.
Machuca um tanto.
Mas, o processo, em sua dimensão variável,
É uma catarse vivenciada, experimentada
Por diversos corpos e universos.
É o medo, a fuga, a urgência, a falta.
A ausência do que está presente
Por se fazer tão distante.
Em pura essência.
A exiguidade do que deixou de existir,
Ou do que se preferiu acreditar
Que não estava mais ali.
É a criação, mas, sobretudo, é o sentir.
E como.
É o nosso sentir.
Desesperança que se mostra talvez.
A cura vem quando o coração está preparado.
Por isso, fecho-o e abro-o.
Permito.
Deixo cansado.
Descansado.
No ritmo que (des)acelera.