Aberturas

Em uma tentativa paradoxal da elaboração

Daquilo que se passa, no mais íntimo de mim,

Lembro-me de algumas músicas.

Os sentimentos compartilhados

Continuam sendo os mesmos,

É o que nos conecta e isso me toca

Profundamente em alguma medida.

A vida é um ferida exposta.

Cuidados são necessários.

O pouso, na calmaria de tudo que habita,

É preciso.

O acessar do desmembramento

De pequenos conflitos que formam

Acúmulo ao longo do tempo.

Então, escrevo.

Costumo me abrir com certa facilidade.

Acredito que desencontros,

Chegadas e partidas são o fluxo natural

Do percurso vital.

O mais particular que se transforma

E reluz no coletivo engrandecido.

É sondando o ânimo

E determinadas sensações

Que se despertam algumas respostas.

Não tão certas quanto se espera.

Relativas.

Às ocultas, peças se encaixam

No mundo fechado

E pedem para serem apreciadas de fora,

Sob olhares apaixonados.

Ou, apenas, olhares.

Não é tarde, nunca é.

Machuca um tanto.

Mas, o processo, em sua dimensão variável,

É uma catarse vivenciada, experimentada

Por diversos corpos e universos.

É o medo, a fuga, a urgência, a falta.

A ausência do que está presente

Por se fazer tão distante.

Em pura essência.

A exiguidade do que deixou de existir,

Ou do que se preferiu acreditar

Que não estava mais ali.

É a criação, mas, sobretudo, é o sentir.

E como.

É o nosso sentir.

Desesperança que se mostra talvez.

A cura vem quando o coração está preparado.

Por isso, fecho-o e abro-o.

Permito.

Deixo cansado.

Descansado.

No ritmo que (des)acelera.

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 26/05/2019
Código do texto: T6656808
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