o mesmo velho engano

Eu vejo uma folha

Infinitamente bela em sua simplicidade

E sem pestanejar

Daria toda a tristeza dessa existência

Para que ela estivesse em outro lugar

Um lugar tão mau

Tão devastado

Tão ameaçado

Quanto este

Mas um lugar onde houvesse

Esperança

Para uma existência de valor

Não pequena

Não vazia

Não excruciante

A ponto de secar lágrimas

Calar lamentos

Que nunca serão vistos

Que nunca serão ouvidos

Um lugar escuro

Um lugar claro

Onde não veríamos tudo passar

Onde nossas mãos não estariam

Atadas

Um lugar onde a alma seria mais

Que uma sombra

Um lugar onde houvesse de fato

Um deus

Lúcido o suficiente

Para oferecer alívio aos corações

Dilacerados

E para curar essa ferida que nunca

Para de sangrar