A NATUREZA DA POESIA
Uma poesia sem água
escrita bem aqui
que não fizesse xixi
como um cachorro com mágoa
poesia sem frestas e nem buracos
que filtrasse a luz
pelos seus espaços
entre frases demolidas
como caem edifícios
sobre humanas vidas
um poema sem berço
que viesse do espaço
extraterrestre e denso
teor cor de violeta maculada
poesia que risse de seu medo
e cantasse o que canta o peregrino na estrada
ou
o pó do coração da poeira
lambendo as vasilhas de plástico
um poema estático
feito riso de sádico
poesia sem sexo
quanto mais nexo
sem complexo
de Portnoy
oh como dói
quando se arranca um dente
de um poeta demente...