REVI. VENDO.
Não posso trazer o sol da manhã
Mas eu posso aproveitar o pôr do sol
Por isso eu deixei o velho hábito
E tirei de sobre os ombros o peso da sombra da noite
Desarmando o revólver do medo
E sepultando todas as minhas distrações.
O porto que ancorava minhas mágoas
Soterrei com a poeira dos pés
Ouvi um barulho vindo lá do fundo
Como o eco de um pescador desesperado
Não olhei se quer quem era
Pois do abismo que quase caí
Não tenho prazer em torná-lo.
Contudo, ainda brinco na chuva
Aproveito apenas o que cai sobre mim
E antes que o resto caia ao chão
Danço pra não ser atingido pelos respingos
Afinal, o que a água retira
Só interessa ao seu destino
Porque sou apenas o início
Não conheço sobre o fim.