A POESIA QUE AMA
Quando leres a poesia que ama
desfaleça tal lenço de seda sobre a cama
deixe que a brisa que te afague
que tuas dores naufrague
e só reste a fluidez do teu coração
como um belo poema escrito à mão...
Quando a poesia que ama leres
dê alto volume aos teus quereres
e grite aos surdos deste mundo
que teu amor vem do profundo
gesto de quem te sonhou
numa noite de inverno
de quem muito te amou...
Que ama leres quando a poesia
desfaça os nós da letargia
que condena corações a pequenos sentimentos
te abras como fazem os moinhos aos sedosos ventos
e do alto da montanha do teu ardor
grite aos quatro cantos o fogo do teu amor...
A poesia que amas leres quando
é que estarás chegando
à borda do precipício da solidão
e lá lançará a companheira desta que não
veio ao mundo para arranjar companhia
e sim para morrer de frio em noite fria...